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«I am the author of my life. Unfortunately, I am writing in pen and can not erase my mistakes.» - Bill Kaulitz

Book Store #393

29.06.19 | twilight_pr

Ensaio sobre a Cegueira

Ensaio Sobre a Cegueira.jpg

Autoria de José Saramago.

A amiga da Pipa emprestou-me o livro do Saramago com a ideia fixa de que seria uma grande experiência e que seria totalmente único. A última vez que tinha lido um livro dele tinha sido o Memorial do Convento e tinha sido como leitura obrigatória. Tinha gostado bastante do livro, mas é aquela coisa de ser dentro de um momento em que tinha de ler obrigatoriamente.

Quando me emprestou o livro, entendi logo que iria ter realmente de ler com mais calma porque a técnica de Saramago é complicada e que por vezes temos mesmo de voltar para trás para entendermos o que se está a passar. Contudo, depois de ler posso afirmar isto:

É possível ler um livro de Saramago em um dia. É possível.

O livro foi feito naquela que é a base do e se. E se isto fossemos todos atacados por uma cegueira contagiosa, o que é que aconteceria? 

O livro é a resposta a essa pergunta. Os acontecimentos ocorridos face a uma cegueira repentina e que parece ser contagiosa. Aquilo que parecia acontecer a apenas uma pessoa, acaba a acontecer a várias e de repente, existe apenas uma pessoa que não fica cega e que parece ser a grande salvação para que todo o mundo não se perca e acabe por deixar de haver uma civilização.

A história é contada sem nomes, não há qualquer tipo de nomes em todo o livro. Saramago diferencia os personagens através de características: o primeiro a cegar, o médico, o miúdo estrábico, a mulher de óculos escuros, a mulher do primeiro a cegar, a mulher do médico, entre outros personagens. No meio da cegueira, a verdade é que não haveria realmente uma grande importância em haver nomes. Para quê haver nomes se nem se poderia ver? Era tudo através dos sons. Apenas a mulher do médico conseguia ver.

Nem ela entendia realmente o porquê de ser a única pessoa que podia ver, mas dado que era contagioso ela apenas sabia que iria ajudar o marido até a cegueira a apanhar mesmo. Acho que o livro todo é importante dentro do contexto de que se deve ter em conta que o livro é todo com base no medo do desconhecido. Um medo do que poderia acontecer, um medo de algo que não se tem controlo. É complicado.

O livro é incrível, sem dúvida que me abriu grandes horizontes. A forma como não havia realmente uma segurança vital para a grande catástrofe. A forma como as pessoas ficam sem chão quando de repente não têm aquilo tão vital como a visão. É mesmo um grande livro. Sem dúvida diferente do Memorial do Convento, contudo, não se pode comparar. Este livro conta uma história na sociedade atual, enquanto que a do Memorial do Convento relata uma história muito mais antiga e que remonta mesmo para a altura da construção do Convento de Mafra, a época era totalmente diferente.

Lê-se muito melhor do que o próprio Memorial do Convento, é sem dúvida um outro mundo e confesso que estou mesmo com vontade de ler mais livros do Saramago. A verdade é que me sinto mesmo contente por ter continuado a ler um outro livro, porque ajudou a entender que os livros do Saramago não são assim tão complicados como parecia ser quando tinha 17 anos.

No início do livro não se entende realmente como funciona a contaminação tanto que, acabam por colocar os primeiros casos em quarentena. É aí que grande parte da ação ocorre, dentro da quarenta em que todos os dias entravam ainda mais pessoas com a tal cegueira branca. Sim, a cegueira branca. Esse era outro ponto que achei maravilhoso, não era cegueira escura, grande parte dos personagens dizia-o mesmo, parecia que estava sempre de dia e que não havia qualquer tipo de descanso. Era como se se dormisse e acordasse sempre no meio da luz, ao contrário do que se é sabido em relação à cegueira normal que se diz que é tudo dentro de uma grande escuridão. Continuando, a quarentena. A quarentena serviu de ajuda para se entender o que acontece dentro de um pequeno mundo. Quando algo acontece e de repente acabamos por estar por nossa conta, sem qualquer tipo de supervisão ou nada do género! O ser humano não consegue sobreviver em harmonia sem regras e especialmente sem o grande um dos seus sentidos principais. 

É um mundo apocalíptico! Seremos sempre nós os monstros dentro de um mundo apocalíptico e isso prova exatamente isso, nós mudamos totalmente face ao desconhecido e face ao medo que temos das coisas. Podemos matar pelo medo, podemos perder totalmente a cabeça por algo que realmente não fazemos ideia. 

Aconselho vivamente a lerem!

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